Burnout conheça os sinais e saiba como evitar

Cerca de 32% dos brasileiros sofrem de esgotamento no ambiente profissional, segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR). Não é à toa, portanto, que o país ocupa a vice-liderança no ranking de países com mais casos de Burnout, ficando atrás somente do Japão, de acordo com dados da mesma instituição.

As empresas estão cada vez mais prezando pela saúde mental dos seus colaboradores, afinal, problemas a ela relacionados acarretam uma perda de 1 trilhão de dólares por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Entre os distúrbios mais frequentes relacionados ao trabalho está a Síndrome de Burnout. Entenda exatamente do que se trata, conheça os sintomas e saiba como prevenir esse mal, lendo este texto que preparamos para você!

O que é Burnout?

Burnout é uma sensação completa de esgotamento – esgotamento físico, mental e emocional. A palavra burn pode ser traduzida para o português como “queimar”, e podemos considerar que o Burnout é mais ou menos isso mesmo: é a “queima” de todas as reservas de motivação, de vontade, de energia.

A Organização Mundial da Saúde define Burnout como “uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”.

Para a OMS, existem três dimensões que caracterizam essa síndrome:

  • sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
  • aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho;
  • e redução da eficácia profissional.

Outra definição bastante esclarecedora é a do Ministério da Saúde, que diz que “Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade”.

Causas da Síndrome de Burnout

O Burnout está intimamente relacionado ao estresse constante e à alta tensão emocional provocados por condições desgastantes de trabalho.

Pode acontecer pelo excesso de pressão que outras pessoas ou fatores externos exercem sobre o indivíduo, como o estabelecimento de metas quase inatingíveis, falta de clareza em relação às expectativas e alta competitividade no ambiente de trabalho.

Mas pode acontecer também devido à alta pressão que o próprio indivíduo exerce sobre si mesmo, como nos casos em que há excesso de perfeccionismo ou a chamada “síndrome do impostor”.

Por possuírem uma rotina estressante ou por necessitarem de um contato interpessoal mais intenso, algumas profissões acabam se tornando mais suscetíveis à Síndrome de Burnout, como médicos, professores, bombeiros, policiais, agentes penitenciários e profissionais de recursos humanos.

Sintomas do Burnout

De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas da Síndrome de Burnout são:

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Insônia.
  • Dificuldades de concentração.
  • Sentimento de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimento de derrota e desesperança.
  • Sentimento de incompetência.
  • Alterações repentinas de humor.
  • Isolamento.
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíacos.

Muitas pessoas demoram para identificar que estão desenvolvendo a Síndrome de Burnout porque esses sintomas tendem a aparecer de forma leve, o que as faz pensar que pode se tratar de algo passageiro.

Por isso, é importante procurar ajuda assim que surgirem os sintomas, para receber o diagnóstico e o tratamento adequado já no início, evitando, assim, possíveis complicações, como o agravamento dos sintomas e o desenvolvimento de uma ansiedade intensa ou de uma depressão profunda.

Estágios e Sinais do Burnout

Como os sintomas do Burnout costumam surgir de forma leve, alguns sinais podem ajudar na sua identificação.

É o caso, por exemplo, de dores de cabeça constantes, indisposição, tontura, dor de barriga, além de muito estresse, nervosismo e falta de vontade para levantar da cama ou para sair de casa.

Os psicólogos Herbert Freudenberger e Gail North listaram os 12 estágios do Burnout, baseando-se nos comportamentos que as pessoas acometidas pelo distúrbio apresentam.

É importante ressaltar que se tratam de estágios, não de fases. Ou seja, algumas pessoas podem passar por todos os 12 estágios, outras não, e a ordem pela qual os estágios são vivenciados também não é a mesma para todos.

Os 12 estágios do Burnout são:

01 – Anseio de provar o próprio valor

A pessoa com Burnout sente necessidade de provar que sabe fazer o que está fazendo, que tem aptidão para realizar tal tarefa – e realizar com excelência. Essa necessidade pode soar como arrogância e acabar afastando os colegas de trabalho.

02 – Incapacidade de se desconectar do trabalho

Pode existir uma sensação constante de não ter terminado tudo o que precisava ser feito, o que faz com que a pessoa tenha dificuldade para se desconectar e acabe trabalhando horas a mais sem a solicitação da chefia, inclusive aos finais de semana, e cheque e-mails a todo momento. Essa dificuldade em se desligar pode gerar outros problemas, como insônia e cansaço.

03 – Necessidades básicas ficam em segundo plano

Necessidades básicas, como dormir bem e por tempo suficiente, manter uma alimentação saudável, e passar um tempo com a família acabam sendo substituídas por mais e mais horas de trabalho, que se torna a principal prioridade do indivíduo. Porém, cabe salientar que essas horas a mais trabalhadas não significam aumento de produtividade.

04 – Negação do problema

O profissional percebe que tem alguma coisa errada acontecendo com ele, os sintomas físicos podem começar a aparecer nesse estágio. Porém, ele se nega e encarar o problema e buscar uma solução.

05 – Descaracterização da autoestima

Nesse estágio, a autoestima é fruto unicamente das realizações profissionais e resultados conquistados. Todo o resto vai perdendo a importância, como o tempo com a família, com os amigos, os sonhos… tudo passa a ser irrelevante.

06 – Aumento da criticidade e intolerância

Nesse estágio, a pessoa praticamente vive pelo trabalho, fazendo dele sua prioridade e fonte de autoestima. Assim, ela começa a julgar e a criticar os colegas que não fazem o mesmo, vendo-os como preguiçosos ou incapazes. Em suas palavras e comportamento pode haver agressividade e sarcasmo.

07 – Afastamento da vida social

O profissional restringe ou anula completamente a sua vida social. Por ter dificuldade para se desconectar do trabalho e relaxar, acaba optando por fazer isso de forma artificial, recorrendo ao uso de drogas e álcool, por exemplo.

08 – Mudanças evidentes no comportamento

A pessoa com Síndrome de Burnout tem grandes mudanças de comportamento, facilmente notadas por quem tem convívio próximo. Por exemplo, uma pessoa que costumava ser alegre pode ficar depressiva, uma que costumava ser tímida pode ficar falante, e assim por diante.

09 – Despersonalização

A pessoa perde seus interesses, seu individualismo. Não consegue mais enxergar o seu valor, nem mesmo as suas necessidades, tão pouco as necessidades de quem está ao seu redor.

10 – Vazio interior

É como se esse estágio fosse um agravamento do estágio da Despersonalização. O aumento da apatia é tanto que se reflete até no trabalho, o qual passa a ser feito de forma mecânica. Na busca por preencher esse vazio, as pessoas podem criar hábitos não saudáveis, como ingestão diária de drogas ou álcool e compulsão alimentar.

11 – Depressão

O vazio interior se agrava e acaba tirando o sentido de tudo, inclusive da vida. A pessoa se sente perdida, completamente exausta.

12 – Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional

Esse estágio é o grau máximo da Síndrome de Burnout. A pessoa que chega até aqui precisa de cuidado médico imediato. Ela pode apresentar confusão mental, adoecimento físico e, até mesmo, pensamentos suicidas.

Diagnóstico e Tratamento da Síndrome de Burnout

O diagnóstico do Burnout é basicamente clínico e só pode ser realizado por um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra.

Geralmente, o tratamento é feito com psicoterapia e, em alguns casos, também é necessário o uso de medicamentos, como antidepressivos e/ou ansiolíticos.

Mudanças no estilo de vida também são fundamentais para o tratamento, como por exemplo, a prática regular de exercícios físicos e de relaxamento.

Essas mudanças de hábito são importantes não só para tratar, mas também para prevenir o Burnout. Vamos falar mais sobre isso adiante.

Como o RH pode lidar com a Síndrome de Burnout?

O RH pode sofrer o impacto do Burnout de duas diferentes formas:

  1. pode ter profissionais do seu quadro acometidos pelo distúrbio, justamente por ser uma das profissões mais suscetíveis a ele;
  2. como pode precisar lidar com os demais colaboradores da empresa que venham a desenvolver a Síndrome de Burnout.

Como uma forma de prevenir – ou ao menos amenizar – ambos os casos, o RH pode procurar atuar junto com as lideranças estratégias para desenvolver um ambiente de trabalho saudável, que preze pelo bem-estar físico e mental dos colaboradores, evitando situações de intenso estresse, competitividade ou cobrança.

Pensando particularmente no primeiro caso, o RH deve estabelecer uma comunicação transparente com os demais gestores, para que sejam evitadas solicitações desnecessárias, acúmulo de tarefas ou sensação de sobrecarga.

Os profissionais do RH devem saber reconhecer os sintomas e os sinais da Síndrome de Burnout, mesmo quando ainda leves, para que possam orientar o colaborador que está passando por essa situação da melhor forma possível.

Pode incentivar o colaborador a procurar um especialista e a seguir o tratamento recomendado, além de prestar todo o apoio e auxílio necessários.

É fundamental que a saúde mental seja cada vez mais discutida nas empresas e se torne um pilar estratégico – afinal, faz bem para os colaboradores e para os resultados.

Como prevenir o Burnout

O Burnout pode ser prevenido com algumas atitudes relativamente simples, que podem começar a fazer parte desde já da sua rotina profissional e pessoal. Confira alguns exemplos:

Atitudes para colocar em prática no trabalho

  • Estabeleça limites de horário e faça pausas intencionais durante o dia.
  • Encontre um sentido em seu trabalho, pense no porquê você faz o que faz.
  • Recupere o controle do seu trabalho, aprenda a delegar ou a dizer não.
  • Procure desenvolver a capacidade de foco, evitando distrações.
  • Defina objetivos e expectativas menores e mais realistas.
  • Termine o dia focando nas suas conquistas, e não no que não conseguiu fazer.
  • Converse com o seu gestor sobre como está se sentindo.
  • Se você não for ouvido ou se o ambiente de trabalho for muito tóxico, talvez seja a hora de procurar uma nova oportunidade profissional, afinal, nenhum emprego vale a sua saúde mental!

Atitudes para colocar em prática no dia a dia

  • Identifique as principais coisas que você precisa fazer para se sentir bem, em equilíbrio, e torne essas coisas “inegociáveis”, ou seja, coisas das quais você não pode abrir mão.
  • Durma bem e por tempo suficiente.
  • Pratique exercícios físicos regularmente.
  • Opte por uma alimentação saudável.
  • Reserve tempo para fazer algo que você realmente gosta.
  • Priorize seus relacionamentos e exponha para pessoas de confiança o que você está sentindo.
  • Evite pessoas tóxicas e/ou negativas.
  • Quebre a rotina de vez em quando.

Como para praticamente qualquer problema de saúde, “prevenir é o melhor remédio”. No caso do Burnout, a prevenção está intimamente relacionada à busca pelo equilíbrio entre trabalho, lazer, família, saúde.

Como profissionais, devemos estar atentos a esses sintomas e sinais em nós mesmos e nas pessoas ao nosso redor, para que possamos buscar um tratamento adequado o mais rápido possível.

Como profissionais de RH, além desses cuidados, devemos zelar por um ambiente de trabalho saudável e que preze pela saúde mental, pelo bem-estar e pela qualidade de vida dos colaboradores.

Matérias relacionadas

Leave a Comment

Logo Sellup branca
SellUp RH Digital e Automatizado. Venha para o RH 4.0

Acompanhe-nos

E-mail: [email protected] WhastApp: +55 (41) 97402-0476 Telefone: +55 (41) 3500-8961
SellUp RH Digital e Automatizado | 2020 Criado por Lab growth
× Como posso te ajudar?