Saúde mental em tempos de pandemia e home office

Ansiedade, burnout, estresse e depressão são temas que estão sendo cada vez mais explorados e debatidos. De fato, devem fazer parte das decisões estratégicas das empresas, pois impactam diretamente o principal ativo das organizações: seus colaboradores.

Cerca de 32% dos brasileiros sofrem de esgotamento no ambiente profissional, segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR).

Ou seja, é imprescindível falar e apoiar a saúde mental nas empresas, especialmente em um momento de popularização do home office que, de certa forma, pode trazer consequências negativas para o psicológico, se não for bem administrado.

O psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP, Christian Dunker, alerta que longas jornadas de trabalho, sem a definição exata do horário de início e término, pode acabar afetando a qualidade de vida dos colaboradores.

As empresas precisam se atentar a isso e buscar formas de promover a saúde mental em seus profissionais, até porque a falta desse cuidado pode, inclusive, afetar a lucratividade da empresa.

Um problema sério que precisa ser resolvido

De acordo com estudo realizado pela London School of Economics and Political Science, a perda de produtividade causada pela depressão pode custar às empresas brasileiras mais de R$300 bilhões.

Nesse sentido, investir em um ambiente de trabalho saudável pode ser extremamente produtivo e lucrativo para as organizações. Ou seja, investir em saúde mental é também investir na própria empresa.

Não contar com um programa de gestão de saúde emocional pode resultar em faltas, afastamento e aumento do sinistro de saúde, gerando ainda mais despesas para a organização.

Uma vez que o colaborador é o maior ativo da empresa, é indispensável fornecer os cuidados adequados como, por exemplo, um programa de saúde psicológica e bem-estar, para motivar o trabalhador a cuidar da sua saúde e, assim, ter condições de melhorar cada vez mais a sua performance.

Pandemia e home office

A pandemia forçou muitas empresas a mudarem suas operações para o regime home office.

Para alguns trabalhadores foi a saída perfeita para eliminar o estresse do trânsito e a competitividade do escritório, resultando em uma rotina mais tranquila de trabalho.

No entanto, para outros esse novo cenário acabou gerando ainda mais estresse, uma vez que se viram obrigados a gerenciar vida profissional e pessoal ao mesmo tempo.

Situações como essa puderam ser comprovadas pela pesquisa ConVid Comportamentos, realizada pela Fiocruz, após entrevistar mais de 45.000 brasileiros no período de 24 de abril a 24 de maio de 2020.

Nesse estudo, foi possível identificar o aumento no consumo de cigarro, álcool, conteúdo em telas como televisão, celulares e computadores, além da diminuição de pessoas que praticam atividades. 

A falta de estrutura física e emocional acabou ocasionando o acúmulo de trabalho, trazendo para muitos, casos de ansiedade, burnout e depressão. 

Segundo a mesma pesquisa, os entrevistados disseram sofrer, ainda, de tristeza ou nervosismo diante da carga de trabalho a ser gerenciada.

Para garantir que os trabalhadores conseguissem cumprir com as suas responsabilidades, algumas empresas desenvolveram um guia para a realização do trabalho remoto com qualidade e segurança.

Algumas das práticas adotadas são:

  • Respeitar o horário de trabalho do escritório, mesmo estando em casa;
  • Estabelecer horário para realização de práticas laborais;
  • Utilizar ferramentas para a gestão de trabalho e controle de horários;
  • Estabelecer pequenas pausas;
  • Contar com apoio social, jurídico e financeiro.

Outras atitudes como, por exemplo, rodas de conversa e terapia em grupo foram algumas das medidas adotadas para favorecer o bem-estar dos colaboradores, ainda que trabalhando em home-office.

O vilão não é o home office, mas a falta de limites e os desafios da pandemia

Alguns colaboradores passaram a ver o home office como um vilão, como o causador do estresse e dos impactos na saúde mental.

No entanto, precisamos ter em mente que o trabalho remoto em si não causa problemas para a saúde.

Porém, o cenário caótico e incerto causado pela pandemia somado à responsabilidade de gerenciar o novo modelo de trabalho, muitas vezes dividindo o ambiente com outras pessoas – e inclusive com a doença – sem a correta separação da vida pessoal e profissional é o que acaba prejudicando a saúde mental e o desempenho no trabalho.

Para as mulheres, que geralmente são responsáveis por uma dupla jornada – de profissional e mãe – realizar essas atividades acabou se tornando um desafio ainda maior.

Um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que ouviu mais de três mil pessoas, descobriu que as mulheres foram a maioria a manifestar sintomas de depressão, ansiedade e estresse, sendo 40,5%, 34,9% e 37,3% respectivamente.

A necessidade de gerenciar tantas atividades pode gerar alguns sintomas inconvenientes nos trabalhadores, como:

  • Falta ou excesso de apetite;
  • Insônia, dificuldade para dormir ou sono em excesso;
  • Conflitos interpessoais;
  • Violência;
  • Pensamentos recorrentes sobre a doença, saúde da família, ou morte.

Atitudes como, por exemplo, organizar o local de trabalho, ter uma rotina regular, separar um tempo para o descanso, evitar ficar muito tempo sentado, não utilizar outras telas durante o período de trabalho e proporcionar uma rotina também para as crianças são algumas das formas de favorecer o home office. 

Dicas para promover a saúde mental no ambiente de trabalho

Separamos algumas práticas que você pode adotar na sua empresa para contribuir com a saúde mental dos seus colaboradores, estejam eles trabalhando de forma remota ou presencial.

Capacite sua liderança

Mesmo sem querer, os líderes podem ter comportamentos que acabam estressando a equipe. Ter consciência disso e agir com empatia já é um ótimo começo para a criação de um ambiente de trabalho saudável.

Além disso, a liderança precisa estar preparada para perceber sinais de quando seus colaboradores não estão bem, e também precisam saber ouvir e acolher as inquietações da equipe, auxiliando no que for possível.

Quebre o tabu

Infelizmente, falar sobre saúde mental ainda é algo considerado tabu por muitos. Algumas pessoas podem considerar tristeza e depressão como puro “mimimi”, tendo dificuldade em reconhecer até mesmo os próprios sentimentos.

Ou, ainda, pode ser que a correria e a agitação do dia a dia tenham “normalizado” o estresse e a ansiedade.

Por isso, é muito importante que as empresas falem sobre isso, conscientizem os colaboradores sobre os sintomas, e mantenham as portas abertas para ouvir o que eles têm a dizer, sem julgamentos.

Invista na integração das equipes

Ninguém precisa virar o melhor amigo do colega de trabalho. Mas um pouco mais de proximidade e afinidade certamente só vão fazer bem!
Investir em estratégias para integrar a equipe torna o clima organizacional mais leve. Nesse sentido, a empresa pode organizar cafés da manhã, happy hours, almoços, passeios no parque, caminhadas, enfim, são milhares de possibilidades que favorecem a integração!

E o bom é que muitas delas podem, inclusive, ser realizadas virtualmente, o que aumenta a conexão do time mesmo em tempos de isolamento social.

Incentive a prática de atividades físicas e alimentação saudável

Como falamos no tópico anterior, uma das formas de aumentar a integração da equipe e, de quebra, incentivar a prática de atividade física é com a organização de caminhadas, por exemplo.

Além disso, a empresa pode propor exercícios de alongamento, controlar os colaboradores para que não fiquem sentados muito tempo, entre outros.

Outra forma muito importante de incentivar os exercícios e a alimentação saudável é garantir que os profissionais tenham tempo para equilibrar vida pessoal e profissional e, assim, consigam se exercitar e preparar suas refeições.

Um exemplo interessante é o uso da gamificação, que está inclusive entre as principais tendências, para favorecer a saúde dos colaboradores. 

É possível, por exemplo, ofertar recompensas para aquele que fizer mais pontos realizando atividades físicas ou comprovando uma alimentação saudável.

Ofereça benefícios relacionados à saúde mental e bem-estar

Algumas empresas estão adotando a prática de oferecer um leque flexível de benefícios, para que o colaborador opte pelos que mais fazem sentido para a sua realidade.

Assim, a organização pode disponibilizar benefícios que contribuam para a saúde e bem-estar, como parcerias com academias, escolas de meditação e ioga, restaurantes e comércios de comidas saudáveis, entre outros.

Outra ótima opção é oferecer psicoterapia como benefício, facilitando o acesso do colaborador a essa prática tão importante para a saúde mental.

A tendência é que cada vez mais as empresas desmistifiquem os tabus em torno da saúde mental e invistam em estratégias para proporcionar cada vez mais saúde e bem-estar aos colaboradores. E a sua empresa, também vai embarcar nessa?

Matérias relacionadas

Leave a Comment

Logo Sellup branca
SellUp RH Digital e Automatizado. Venha para o RH 4.0

Acompanhe-nos

E-mail: [email protected] WhastApp: +55 (41) 97402-0476 Telefone: +55 (41) 3500-8961
SellUp RH Digital e Automatizado | 2020 Criado por Lab growth
× Como posso te ajudar?